Q&A – Perguntas & Respostas mais frequentes
Neste espaço poderá encontrar as perguntas que têm surgido frequentemente durante as visitas a lares e centros de idosos, e também através do email de apoio da MSF.
As respostas são elaboradas pelos especialistas dos nossos departamentos médicos, logísticos e de operacões.
Q&A Prevenção e Controlo de Infeção (PCI)
LIMPEZA E DESINFEÇÃO
Para desinfetar superfícies ou batas/fatos é preferível usar um pulverizador com desinfetante ou um pano embebido em desinfetante?
O pano (ou o papel) embebido em solução desinfetante é mais eficaz e seguro. O pulverizador não cobre toda a área, que se pretende desinfetar, ainda que depois se espalhe com um pano. Além disso, ao pulverizar uma superfície contaminada pode estar a espalhar a contaminação. Por exemplo, ao pulverizara bata/fato antes de removê-lo está a pulverizar uma superfície contaminada imediatamente abaixo do rosto.
No transporte de utentes que produtos posso usar para desinfetar o interior do veículo?
Primeiro deve lavar as superfícies do veículo com água e detergente e só depois proceder à desinfeção. Como desinfetantes pode usar:
– Solução de lixívia a 0,1% deixar atuar cinco minutos na superfície e por fim enxaguar com um pano húmido. A solução é apenas eficaz durante 24 horas, passado esse tempo o cloro ativo perde força.
– Álcool 70% (isopropílico): não pulverizar diretamente na superfície, utilizar pano ou papel, não enxaguar.
– Toalhitas impregnadas em virucida EN14476: por exemplo, ARSILOM; ARVO 21 SR; ASEPTIL; SANYTOL, consulte as recomendações do fabricante para a aplicação e o tempo de contacto.
– Pulverizador com SANYTOL: não pulverizar diretamente, utilizar um pano, verificar na embalagem se é necessário passar por água.
– SURFANIOS PREMIUM A 0,25% (difícil de encontrar fora do contexto hospitalar): não pulverizar diretamente, utilizar um pano ou papel embebido na solução, não enxaguar.
Por que é preciso lavar a roupa de trabalho a 60º ou 90º para ser desinfetada? Nas mãos só aplicamos água e sabão, ou solução hidra-alcoólica?
Os métodos de desinfeção e limpeza são diferentes porque a pele (tecido orgânico) não é o mesmo tipo de superfície que as superfícies inorgânicas (como roupas, louças etc.). Isso aplica-se no caso do vírus COVID-19, mas também para qualquer outro microorganismo (incluindo o tipo de produto a ser usado, a temperatura e o tempo de contacto).
Caso tenha ferimentos nas mãos ou no rosto, preciso tomar precauções adicionais?
Pode colocar um penso para cobrir a ferida. Se a ferida estiver localizada nas mãos, utilize luvas, caso queira manter contacto com o residente. Se for no rosto deve tomar um cuidado especial na colocação e remoção da máscara, para não agravar e evitar tocar. Além disso, é necessário garantir uma higiene adequada das mãos com frequência.
Como proceder para entregar os pertences de um falecido com COVID-19 aos familiares que os reivindicam. E com outros pertences à base de papel e substâncias orgânicas (livros, fotografias, manuscritos, sapatos, cintos de couro, figuras de madeira)?
No caso de jóias, telémoveis, relógios, sapatos, cintos ou artigos semelhantes podem ser limpos e desinfetados com uma solução de lixívia a 0,1%.
De acordo com a informação disponível até ao momento sobre a COVID-19, sabemos que o vírus permanece em superfícies entre 72 horas a 96 horas. Especificamente para o papel consideramos 48 horas. Neste caso, recomenda-se entregar à família do falecido estes pertences dentro de um saco de plástico fechado, dando indicações para apenas abrirem o saco ao final de uma semana, para assegurar que não há riscos.
Em relaçao à roupa, recomendamos que a lavagem seja feita diretamente no serviço de lavandaria do lar, com as devidas precauções. Caso não seja possível, recomenda-se que as roupas sejam colocadas num saco de plástico e lavadas a 60º na máquina de lavar normal. Além disso, é muito importante que a pessoa que retira as roupas do armário/saco esteja protegida com o equipamento de proteção individual completo.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Qual é o procedimento adequado para desinfetar o fato que utilizamos como EPI (equipamento de proteção individual) em caso de necessidade de reutilização?
Caso o fato seja reutilizado entre pacientes e seja de material impermeável, é aconselhado desinfetar TODA a superfície do fato com um pano embebido em solução de lixívia a 0,1%, entre cada paciente.
Além disso, no final do dia, o fato deve ser limpo com água e sabão num balde, depois deixar enxaguar e, em seguida, mergulhar num balde com uma solução de lixívia a 0,1% durante cinco minutos. Finalmente, deve enxaguar e concluir a tarefa de secagem.
Como podemos preservar máscaras cirúrgicas de um dia para o outro (embora não seja recomendado, mas às vezes não há outra opção)?
A máscara cirúrgica pode ser utilizada até seis horas ou sempre que estiver húmida. Depois desse tempo deixa de atuar como barreira, deixando passar as micro-gotas da respiração. Se a utilizou menos do que o tempo referido (até seis horas) poderá guardar a máscara num envelope.
No fim do meu turno onde e como devo retirar o EPI?
Onde: ao sair da área contaminada, deverá existir uma área destinada apenas à remoção do EPI. Pode ser um espaço delimitado no chão com fita adesiva.
Não deverá nunca entrar na área limpa (por exemplo, o vestiário) com o EPI usado e contaminado.
Como: Siga os passos da infografia afixada na zona de descontaminação: 1) retirar luvas, 2) retirar a bata 3) higienizar as mãos, 4) retirar a viseira; 5) retirar a máscara e 6) higienizar as mãos (sequência de remoção de EPI da Organização Mundial de saúde https://www.who.int/csr/resources/publications/ppe_en.pdf?ua=1).
Neste processo há um elevado risco de contaminação pelo que o deve fazer com tempo, com muita calma e sem pressas de ir para casa.
Caso não trabalhe num lar, mas apenas faça uma visita de acompanhamento é suficiente colocar o EPI sobre as roupas da rua com as quais sairei mais tarde?
Se for feita uma visita de acompanhamento, e caso passe pela zona contaminada é necessário colocar o EPI completo (bata, máscara, viseira e luvas). Por outro lado, se circular apenas pela zona dos escritórios (área limpa), não será necessário colocar o EPI completo, apenas a máscara.
Mantenha sempre a distância de pelo menos 1,5 metros, sem contato físico, evitando tocar nas superfícies e mantendo uma higiene adequada das mãos ao entrar e sair do lar.
Para mais informações, pode consultar o link do webinar sobre este tema: https://msfcovid19.colillas.net/webinar-colocar-e-retirar-um-epi-de-forma-segura-erros-mais-comuns/
SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO
Trabalho em apoio ao domicílio. Mediante a situação devo usar uma bata/fato entre cada utente?
A utilização de bata/fato depende se o utente é considerado saudável, suspeito (com sintomas COVID-19) ou contaminado:
- Se o utente é saudável apenas é necessário o uso da máscara, guardar a distância física e realizar frequentemente a higiene das mãos. Se prestar cuidados próximos ao utente como a higiene, apoio na alimentação ou limpeza do quarto/casa deve usar máscara, avental de plástico e luvas. Caso utilize luvas domésticas lavá-las com solução de lixívia a 0,1% entre cada casa.
- Se o utente é um caso suspeito ou está contaminado com COVID-19, o EPI adequado é bata/fato, máscara, viseira e luvas (um par é suficiente). Para realizar tarefas de cuidados próximos deve utilizar o avental por cima da bata.
No trabalho de apoio ao domicílio devemos sempre mudar de EPI entre cada casa?
Sim. Materiais como a bata, avental e luvas, que são de uso único, devem ser descartados (postos no lixo) ao sair da casa do utente. Materiais reutilizáveis como viseiras ou luvas de limpeza devem ser desinfetados entre cada casa.
Trabalho em apoio ao domicílio e não tenho disponibilidade de batas e aventais. Como devo fazer?
Caso não haja disponíveis batas e aventais, pode usar um impermeável de plástico tipo capa de chuva. É importante desinfetar entre cada casa, para isso passar com um pano embebido numa solução de 0,1% de lixivia e abranger TODA a superfície do impermeável. No final do serviço, proceder à lavagem completa com água e sabão, depois submergindo em solução de lixívia a 0,1% durante cinco minutos, enxaguar e secar.
Para mais informações, pode consultar o link do webinar sobre este tema:
https://msfcovid19.colillas.net/webinar-servico-de-apoio-domiciliario-medidas-de-prevencao-adaptadas/
CIRCUITOS
Como organizo uma área para descontaminação?
Deve estar localizada no limite entre a zona contaminada e a zona limpa. Delimite uma área no chão, (caso não haja um quarto dedicado em exclusivo para este processo). Coloque:
- banco de apoio
- caixote do lixo para colocar o EPI descartável: luvas, máscara e bata
- caixote para EPI reutilizável: óculos, viseira etc
- solução desinfetante de mãos
- infografia sobre como despir o EPI
Para depositar o lixo nos contentores municipais junto ao lar, é necessário remover o EPI que se está a usar no lar?
Sim. Nunca deve sair do lar com o EPI vestido. Para despejar o lixo pode sair com o uniforme de limpeza normal – como era antes da epidemia. Certifique-se que está usar luvas domésticas e de que a bolsa externa foi descontaminada. Lavar as mãos/luvas logo em seguida.
Por que porta devem entrar os mantimentos e provisões para o lar (alimentos, produtos de limpeza, etc.)?
Dependendo da estrutura do lar o mais aconselhável é identificar três entradas:
1. Entrada e saída de pessoal
2. Entrada de mantimentos e provisões
3. Entrada e saída de pacientes
Os produtos entregues pelos fornecedores devem entrar, de preferência, por uma porta na proximidade da cozinha. Caso não seja possível, é preferível agrupar entradas, ou seja, que os mantimentos e provisões entram pela entrada da equipa ou pela entrada principal do edifício.
O funcionário que fez a receção do material deve levá-lo para a área de descontaminação, e de seguida lavar as mãos. Na área de descontaminação deve desinfetar todos os itens com um pano embebido em solução de lixívia a 0,1%, ou outra solução desinfetante, e só depois guardar.
Para mais informações, pode consultar o link do webinar sobre este tema:
https://msfcovid19.colillas.net/webinar-circuitos-de-prevencao-e-controlo-de-infecao-em-lares-e-centros-de-idosos/
OUTROS
COMUNIDADE
Sou auxiliar do apoio ao domicílio. Um dos meus utentes pode estar contagiado por COVID-19, pois apresenta sintomas de febre e a respiração está levemente afetada. Eu tenho atendido o utente até hoje; como deve ser o meu comportamento na comunidade a partir de agora? É necessário que eu seja seguida por alguém?
As recomendações que estabelecemos na MSF são para aplicar as medidas de prevenção. Se até agora cumpriu a higiene adequada e frequente das mãos, a distância física e o uso do EPI, então cortou a via de transmissão. A partir de agora, e diariamente, deve usar a máscara em áreas comunitárias (rua, supermercado, transportes públicos, etc.) tal como é sugerido nas medidas nacionais no contexto da pandemia COVID-19.
Se não apresentar sintomas não é necessário ir ao médico, deve medir a sua temperatura de manhã e à tarde. Caso comece a sentir sintomas contacte a Saúde 24 (SNS24).
De qualquer forma, deverá informar imediatamente o seu superior hierárquico e proceder de acordo com as orientações que lhe forem dadas.
SISTEMA DE VENTILAÇÂO
Com a chegada do tempo quente e a subida da temperatura posso ligar o sistema de ar condicionado na minha instituição? Que tipo de ventilação devo usar?
A ventilação natural é a opção mais segura e recomendada pela MSF e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A COVID-19 é transmitida por micro-gotículas provenientes da nossa respiração ou quando falamos, que podem viajar pelo ar a curto alcance durante circunstâncias especiais, como os procedimentos de geração de aerossóis, que, por sua vez, estão associados à transmissão de patógenos. Os sistemas de ar condicionado circulam o ar sem o diluir, provocam a movimentação das micro-gotículas aumentando o risco de contaminação.
Para mais informações, pode consultar o link do documento da OMS sobre este tema:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/331603/WHO-2019-nCoV-SARI_treatment_center-2020.1-eng.pdf